Hoje escrevo assim, eu por mim mesma primeira pessoa do singular, dona de mim, das minhas palavras, das minhas alegrias, das minhas tristezas, das minhas verdades, das minhas dores, essa a quem vocês vêm ler, eu. Tão explicita e escondida quanto qualquer outra dessas que vocês poderiam parar na rua e perguntar “como vai?”. Não adiantaria. Nunca adiantou. Uma eterna incógnita, ponto de interrogação, semblante feliz e um rombo enorme no peito. É isso. Talvez nem tudo que eu fale ou escreva seja compreensível, ou talvez tenha mesmo é que tirar o talvez e falar que nem tudo que eu fale ou escreva seja mesmo compreensível, mas é meu. Meu emocional anda tão abalado, e meu nível normal de nostalgia anda alteradíssimo, e aí eu venho aqui escrevo e não passa, sabe? Antigamente passava. Sempre passava. Eu não sei mais se é esse bate volta, ou o bate leva na cara e não volta, que me deixou um tanto quanto desesperançosa em relação às coisas da vida, essas que dizem ser essenciais. Essenciais aos olhos de quem? Pergunto-me. Vai que um dia disseram por aí que a receita da felicidade era, “amor + dinheiro + carreira bem sucedida = felicidade.” Prontinho, assim. Fácil. Não. Não. Não. Criaram pessoas completamente dependentes. Você vê o que fizeram com a gente? E eu digo “a gente” porque estou com você nessa, no mesmo barco, o mesmo barco furado. Você vê? Eu vejo. E é tão feio e tão sujo e tão triste. Porque isso não sou eu, e eu espero que isso também não seja você. Incompletos é o que eles dizem que somos. Mas me nego me nego até o último fio de cabelo. Nasci completa, penso. Mas logo desisto. Vejo que estou condicionada a ser o que eles dizem que sou, eternamente, de eterno mesmo. Porque não tenho nem força física que dirá psicológica para lutar contra isso. E vou ser sabendo que sou e o pior de tudo, continuar sendo, sem incomodar, sem doer, sem alegrar, sem nada, só ser e ser por ser, mais nada alem disso. E descobrir um dia que só ser por ser desgasta demais, ocupa tempo demais, espaço demais, e quando me der conta não vai dar para voltar e viver de novo, porque já passou e eu fui por ser e fim. Sem voltas, sem desvios, retornos...
Pois é. Eu fui.
1 comentários:
Keep walking!
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