terça-feira, 28 de junho de 2011

Madrugada.

...seus olhos eternamente tristes, defendido pelos óculos.
Era de noite e fazia frio.
Seus olhos eram um mar de inquietações, uma tormenta sufocada e dominada pelo cansaço. Sentia-se asfixiada pelo vazio da espera.
A sensação de tristeza e solidão estava presente nela.
A vulnerabilidade a assustava.
Por esse motivo, sempre escondia seus sentimentos, suas emoções, tudo o que fazia sentir-se fraca. Fraca num mundo que, pelo que sabia, não admitia fraqueza. Ela estava em um quarto,  e sentia um frio glacial e um amor incontrolável.

"Pode ser que tu estejas aqui, em alguma parte de mim, há muito tempo".
O silêncio e as defesas de cada um rompiam-se nas emoções dos reencontros.

Ela não podia controlar-se. Seu corpo vibrava com uma energia incontrolável, que fazia cócegas em seus nervos e chegava em todas as partículas de seu ser.

Uma magia brilhava em seu sorriso, e seus olhinhos, diminuídos pelos óculos, brilhavam com uma fé absoluta.
E cada encontro reavivava a fogueira do amor e aplacava o gelo do distanciamento.
Os dois formavam o núcleo de uma curiosa e estranha relação sentimental, uma relação viva e autêntica.
Eles se encontravam uma ou duas vezes por semana.
Paixão, ela reverberava. Fosforescências.
Ele dizia claramente. Não queria namorar, não queria se juntar. Não gostava de iludir. Cada qual em dividido, para se somarem no mais e no tudo. Assim ele dizia. Assim ele queria. Assim ela assentia.
Na esperança de esperar, ela esperava. Um dia, quem sabe? Eles seriam como ela sempre sonha.
Os encontros semanais. Resplandescências.
Durante muitos anos ela viveu feliz, à espera do que esperava. 
Consonâncias, as ressonâncias.
E  ela ? 

continua a esperar ...


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