quarta-feira, 25 de maio de 2011

Turn and face the stranger

A vida tinha seu lado injusto. E ele aparecera agora.

Sentiu-se deprimida. A vida não lhe oferecia um perfil maravilhoso para o futuro,nada nada certo em sua vida, mas continuava esperançosa. Não tinha dinheiro para comprar suas coisas, seus mimos e seu cigarro; seu pai era uma lembrança que se tornava cada vez mais perdida e sua mãe aquela que está por perto a todo tempo, controlando tudo.
Odiava conformar-se, com o que se passara na sua vida, que nada do que ela sonhava, idealizava, planejava acontecia.. tudo era apenas um grande vazio, e ela se afundava ainda mais a todo momento,  mas não tinha outra alternativa. Bater a cabeça na parede seria muita rebeldia. Não servia para nada mesmo. Que tudo e todos fosse para o inferno! Ficaria trancada em seu cubículo que chama de quarto, colocaria seus fones de ouvido e ouviria música num volume muito alto. Tão alto que a sua voz não conseguiria alcançar. Tão alto que corria o risco de ficar surda. Tão...

Estava sozinha, confusa, indecisa, num cruzamento solitário e varrido pelo vento, numa noite que prometia ser gelada.
Tinha toda a semana pela frente..

 E que pulasse e se partisse em mil pedaços
Eu nao me importaria, nunca me importei.
Ouvia And I love Her e fumava o resto do ultimo cigarro da manhã
E indagava-me sobre as minhas escolhas
Sobre você e sobre como havia-me deixado estar aqui
fumando e indagando-me ..
E a vida parecia ironicamente fatidica.
E eu nao me importava, nao me importava...
Estranho saber que quilômetros suportam tantos sentimentos incompletos.
Ele continua a invadir-me os sonhos
Como a quem procura corações para partir..
E por incrivel que pareça sempre encontra " o meu ".
E embora tenha dor no meu peito
Ainda resistirei a sua falta
E a sua incompreensão diante do meu ciúme..

Cada forma imóvel transformou-se num fundo escuro e mutante, de tamanho impreciso.
( Muitas coisas horríveis aconteciam na sua cabeça )
Conhecia os motivos e fingia ignorá-los, embora em sua solidão, sua eterna, constante e densa solidão, repleta de sensações, não pudesse enganar-se.
O quarto estava cheio de objetos queridos que a encheram de paz, superando a agitação seu cigarro, seus livros, as lembranças e fotografias, o banheiro, a cama, os desenhos.
Jogou-se para trás, fechou os olhos, porém não apagou a luz. Se pudesse escolher os sonhos, as histórias para preencher o tempo inútil do descanso... Gostava de sonhar, porque a liberdade de sua imaginação tinha um feitiço embriagador. Cada sonho era a anarquia da mente, a revolucionária revolta do seu inconformismo. Suas ideias escapavam de qualquer limite.
Saudade...
A saudade. O sonho. A noite.

Sufocou sua angústia e apagou a luz.


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