Levantou-se a contragosto.
...não queria falar com ninguém. Procurava na solidão um refúgio para seus pensamentos, só isso. Odiava os elogios gratuitos, as palavras fáceis e as palmas corteses. Odiava o cinismo adulto e a hipocrisia barata.
''Não deixe ninguém mandar em ti e assim será respeitada''.
A dor atingiu todas as suas terminações nervosas.
Começou a golpear diversas vezes a parede com os punhos fechados, com toda a força, machucando-se, até que, ao apoiar a cabeça nela, conseguiu soltar, gemendo, os últimos demônios do seu corpo:
- Não veem que não sou como eles? Não veem que sou diferente?
E começou a chorar.
A decisão de toda uma vida nas mãos de uma resposta pronunciada a uma idade absurda.
Seria feliz vivendo uma existência aventureira, em contraste com a monotonia que imperava agora.
Era a primeira vez que suplicava, que utilizava termos como ''por favor'' ou deixava o seu medo transparecer.
''Nós vamos ser diferentes; já aprendemos a lição''.
Só a música valia a pena, tanto na vida como na morte.
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